O jovem sentou-se diante do mestre, os ombros caídos, o olhar vazio. O peso invisível da desesperança parecia esmagá-lo. O mestre observou em silêncio por um instante antes de falar.

“Vejo que teu espírito está cansado, que a vida perdeu o brilho diante de teus olhos. Mas quero que me escutes, pois tenho algo importante para te dizer.”

O jovem suspirou. “Nada faz sentido, mestre. Tudo o que eu tento falha. Me sinto preso, sem forças para continuar.”

O mestre sorriu com compreensão e apontou para uma pequena planta que brotava de uma rachadura na pedra ao lado deles.

“Veja essa planta. Ela não deveria estar aqui. O solo é duro, seco. A luz do sol é pouca, e ainda assim ela cresce. Mesmo sem condições ideais, ela não desistiu de existir. Por quê? Porque dentro dela há uma força invisível, um impulso que a faz seguir em frente. E dentro de você, também existe essa força.”

O jovem abaixou a cabeça. “Mas eu não sinto nada, mestre. Parece que meu coração está vazio.”

O mestre inclinou-se para frente e falou em um tom mais firme. “A dor te convenceu de que a esperança morreu. Mas me diga, se estivesse realmente sem esperança, por que ainda está aqui? Por que procurou ajuda? Dentro de você, mesmo que enterrada sob o desespero, ainda existe uma centelha de vontade. E essa centelha é tudo o que precisamos.”

O jovem franziu a testa. “O que eu faço, então? Como encontro forças para continuar?”

O mestre levantou-se e caminhou até a beira do riacho que corria perto deles. “Venha. Olhe para a água. O que vê?”

“Vejo a correnteza seguindo seu caminho.”

“Exato. O rio não para porque encontra pedras pelo caminho. Ele contorna os obstáculos e segue fluindo. Assim deve ser sua jornada. A dor e as dificuldades tentarão te parar, mas se continuar, mesmo devagar, logo perceberá que tudo está mudando. A dor não é eterna. O vazio que sente agora não será para sempre. Se continuar, um dia olhará para trás e perceberá que sobreviveu ao que pensou que jamais conseguiria.”

O jovem fitou a água por um longo momento. Algo dentro dele, pequeno mas real, começava a se mexer. Não era uma solução imediata, nem uma cura mágica. Mas era um recomeço.

O mestre tocou seu ombro e sussurrou: “Dê mais um passo. Depois outro. Pequeno, se for preciso. Mas continue. A vida não acabou. Há esperança, mesmo quando você não consegue enxergá-la. Eu vejo por você.”

E, pela primeira vez em muito tempo, o jovem acreditou que talvez, apenas talvez, pudesse continuar.

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